terça-feira, 17 de abril de 2012

A coordenação pedagógica e a questão das relações de poder na organização do trabalho pedagógico.




Curso de pós-graduação latu senso em coordenação pedagógica
Unidade II – A coordenação pedagógica no contexto da gestão e
da organização do trabalho pedagógico.
Prof. Antônio Fávero
Aluno: Geysson Flávio Maranhão Sousa
Data: 15 de abril de 2012

A coordenação pedagógica e a questão das relações de poder na organização do trabalho pedagógico.
Mudar a educação e, consequentemente, a forma de ensinar passa diretamente por mudanças não só no sistema educacional como na forma hierárquica de poder dos profissionais que  atuam nas áreas educacionais.
O professor é levado a trabalhar em uma linha hierárquica, conforme cita Magali de Castro sobre a relação de poder que afeta o professor:  “os atores se submetem às ordens e exigências de superiores "bons", "amigos" e "compreensivos" que não as impõem por uma vontade própria, mas enquanto "arautos" dos órgãos oficiais – os verdadeiros impositores.” Dentro dessa relação, está inserido outro profissional que é professor, porém que atua fora de sala  e que ocupa uma função diferenciada, o coordenador pedagógico (CP).
A busca por autonomia tem sido um fator problemático na vida do coordenador, muitos vivem um conflito interno constante: buscar criar e, ao mesmo tempo, não ter autonomia suficiente junto aos seus pares para a implementação de suas idéias.
A ausência de parte da autonomia do CP pode gerar um atraso na formação do aluno CIDADÃO: “Formar o novo cidadão (o cidadão necessário) no aluno, significa formá-lo com capacidade para ter uma inserção social crítica/transformadora na sociedade em que vive.” (Pimenta). A mesma autora destaca um trecho interessante sobre a Escola:  “Por isso, a finalidade da Escola é possibilitar que os alunos adquiram os conhecimentos da ciência e da tecnologia, desenvolvam as habilidades para operá-los, revê-los, transformá-los e redirecioná-los em sociedade e as atitudes sociais - cooperação, solidariedade, ética -, tendo sempre como horizonte colocar os avanços da civilização a serviço da humanização da sociedade.”
Dentro do proposto por Selma Pimenta tanto o CP quanto a escola tem que administrar a relação de poder de forma que o aluno seja beneficiado no ganho de conhecimento.
O Estado é a máquina responsável para fazer chegar a esse aluno os meios necessários, o professor é seu mediador e o coordenador o organizador de todo esse processo.
                Dentro das Escolas a relação de poder é cada vez mais forte porém em muitos casos é mais confortável atribui-la a outro “...os chefes colocam a responsabilidade pelas inconveniências das ordens que emitem sempre na autoridade mais distante. Por exemplo: o professor exige dos alunos e pais porque recebeu orientação do supervisor, este exige do professor porque tem que prestar contas ao diretor que, por sua vez, recebeu ordens da Secretaria de Educação, por intermédio do Inspetor Escolar...” (Magali de Castro).
                Não temos como negar o poder que o diretor, vice-diretor e supervisor  exercem porém tal poder pode e deve ser dividido com o coordenador em prol do projeto político pedagógico, a definição de poder por WEBER é a seguinte: “(...) a possibilidade de que um homem, ou um grupo de homens, realize sua vontade própria numa ação comunitária, até mesmo contra a resistência de outros que participam da ação”. (WEBER, 1982, p.211),  trazendo para a realidade escolar temos a definição de  Bourdieu: “(...) poder invisível que só pode se exercer com a cumplicidade daqueles que não querem saber que a ele se submetem ou mesmo que o exercem”. (BOURDIEU, 1977, p.31), é desse poder e dessa cumplicidade que o CP precisa tomar consciência e usa-los para que os demais atores da comunidade escolar passem a trabalhar em coletividade buscando construir uma proposta pedagógica pautada nas carências diagnosticadas na instituição educacional que atua.
                Falta companheirismo entre as equipes gestoras e o CP, somente com a troca de confiança e a transferência desse poder é que esse poderá construir junto ao grupo de professores uma proposta sólida.
                A formação continuada dos professores feita dentro em loco deve ser intensa, não qualquer formação mais principalmente aquela que atenda pontos fundamentais de sua proposta pedagógica. É necessários que o formador tenha uma imagem clara do ambiente que o profissional trabalha pois ele poderá direcionar sua formação para a real situação vivenciada diariamente.
                Tal formação esbarra em outro problema a estrutura de nossas escolas, como fazer tal formação em ambientes que não tem espaço, tecnologia e apoio dos órgão competente.
                Precisamos que as secretarias de educação elaborem projetos pedagógicos gerais para as escolas e construam com elas uma política de valorização do CP e a formação do aluno CIDADÃO, sendo que essa deverá ter seu início nas séries iniciais e seu ápice no ensino médio. Para isso é de grande importância que o CP seja também participativo, ativo, amigo, aglutinador, forte, decidido, compreensivo e que tenha algum poder não para exercer o autoritarismo mais para preservar o que foi acordado na proposta pedagógica, bem como que sua figura seja mais presente dentro da formação da gestão democrática.
                Se juntarmos a participação efetiva do CP e os demais profissionais especializados (professores, direção, coordenação, orientação equipe de apoio) teremos uma escola volta não somente para o que ocorre dentro de suas salas de aulas como também para fora delas. Com essa postura coletiva teremos uma escola direcionada para a formação social critica do aluno que nela estuda.

Fontes:
ü  PIMENTA, S. G. Questões sobre a organização do trabalho na escola. Idéias, São Paulo, v.16, p. 78-83, 1993.
ü  O CONTEXTO ESCOLAR E SEUS ATORES: AS RELAÇÕES DE PODER NUMA PERSPECTIVA SÓCIO-INTERACIONISTA BRAGANÇA, Grazielle – Mestranda PROPED UERJ. grazibraganca@yahoo.com.br, MATTOS, Carmen Lúcia G. de. – Professora Doutora PROPED UERJ, carmenlgdemattos@globo.com, RAMALHO, Fernanda – Mestranda PROPED UERJ, fernanda.cr@terra.com.br.

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