Curso de pós-graduação latu senso
em coordenação pedagógica
Unidade II – A coordenação
pedagógica no contexto da gestão e
da organização do
trabalho pedagógico.
Prof. Antônio Fávero
Aluno: Geysson Flávio Maranhão
Sousa
Data: 15 de abril de 2012
A coordenação pedagógica e a questão das relações de
poder na organização do trabalho pedagógico.
Mudar a educação e, consequentemente, a forma de ensinar
passa diretamente por mudanças não só no sistema educacional como na forma hierárquica
de poder dos profissionais que atuam nas
áreas educacionais.
O professor é
levado a trabalhar em uma linha hierárquica, conforme cita Magali de Castro
sobre a relação de poder que afeta o professor:
“os atores se submetem às ordens e exigências de superiores
"bons", "amigos" e "compreensivos" que não as
impõem por uma vontade própria, mas enquanto "arautos" dos órgãos oficiais
– os verdadeiros impositores.” Dentro dessa relação, está inserido outro
profissional que é professor, porém que atua fora de sala e que ocupa uma função diferenciada, o
coordenador pedagógico (CP).
A busca por autonomia tem sido um fator problemático
na vida do coordenador, muitos vivem um conflito interno constante: buscar criar
e, ao mesmo tempo, não ter autonomia suficiente junto aos seus pares para a
implementação de suas idéias.
A ausência de parte da autonomia do CP pode gerar um
atraso na formação do aluno CIDADÃO: “Formar o novo cidadão (o cidadão necessário) no aluno,
significa formá-lo com capacidade para ter uma inserção social crítica/transformadora
na sociedade em que vive.” (Pimenta). A mesma autora destaca um trecho
interessante sobre a Escola: “Por isso,
a finalidade da Escola é possibilitar que os alunos adquiram os conhecimentos
da ciência e da tecnologia, desenvolvam as habilidades para operá-los,
revê-los, transformá-los e redirecioná-los em sociedade e as atitudes sociais -
cooperação, solidariedade, ética -, tendo sempre como horizonte colocar os
avanços da civilização a serviço da humanização da sociedade.”
Dentro do proposto por Selma Pimenta tanto o CP quanto a escola tem que
administrar a relação de poder de forma que o aluno seja beneficiado no ganho
de conhecimento.
O Estado é a máquina responsável para fazer chegar a esse aluno os meios
necessários, o professor é seu mediador e o coordenador o organizador de todo
esse processo.
Dentro
das Escolas a relação de poder é cada vez mais forte porém em muitos casos é
mais confortável atribui-la a outro “...os chefes colocam a responsabilidade
pelas inconveniências das ordens que emitem sempre na autoridade mais distante.
Por exemplo: o professor exige dos alunos e pais porque recebeu orientação do supervisor,
este exige do professor porque tem que prestar contas ao diretor que, por sua
vez, recebeu ordens da Secretaria de Educação, por intermédio do Inspetor
Escolar...” (Magali de Castro).
Não temos como negar
o poder que o diretor, vice-diretor e supervisor exercem porém tal poder pode e deve ser
dividido com o coordenador em prol do projeto político pedagógico, a definição
de poder por WEBER é a seguinte: “(...) a possibilidade de que um homem, ou um
grupo de homens, realize sua vontade própria numa ação comunitária, até mesmo
contra a resistência de outros que participam da ação”. (WEBER, 1982, p.211), trazendo para a realidade escolar temos a
definição de Bourdieu: “(...) poder
invisível que só pode se exercer com a cumplicidade daqueles que não querem
saber que a ele se submetem ou mesmo que o exercem”. (BOURDIEU, 1977, p.31), é
desse poder e dessa cumplicidade que o CP precisa tomar consciência e usa-los
para que os demais atores da comunidade escolar passem a trabalhar em
coletividade buscando construir uma proposta pedagógica pautada nas carências
diagnosticadas na instituição educacional que atua.
Falta companheirismo
entre as equipes gestoras e o CP, somente com a troca de confiança e a
transferência desse poder é que esse poderá construir junto ao grupo de
professores uma proposta sólida.
A formação
continuada dos professores feita dentro em loco deve ser intensa, não qualquer
formação mais principalmente aquela que atenda pontos fundamentais de sua
proposta pedagógica. É necessários que o formador tenha uma imagem clara do
ambiente que o profissional trabalha pois ele poderá direcionar sua formação
para a real situação vivenciada diariamente.
Tal formação esbarra
em outro problema a estrutura de nossas escolas, como fazer tal formação em
ambientes que não tem espaço, tecnologia e apoio dos órgão competente.
Precisamos que as
secretarias de educação elaborem projetos pedagógicos gerais para as escolas e
construam com elas uma política de valorização do CP e a formação do aluno
CIDADÃO, sendo que essa deverá ter seu início nas séries iniciais e seu ápice
no ensino médio. Para isso é de grande importância que o CP seja também
participativo, ativo, amigo, aglutinador, forte, decidido, compreensivo e que
tenha algum poder não para exercer o autoritarismo mais para preservar o que
foi acordado na proposta pedagógica, bem como que sua figura seja mais presente
dentro da formação da gestão democrática.
Se juntarmos a
participação efetiva do CP e os demais profissionais especializados
(professores, direção, coordenação, orientação equipe de apoio) teremos uma
escola volta não somente para o que ocorre dentro de suas salas de aulas como
também para fora delas. Com essa postura coletiva teremos uma escola
direcionada para a formação social critica do aluno que nela estuda.
Fontes:
ü CASTRO, Magali de. Um estudo das relações de poder na escola pública de ensino
fundamental à luz de Weber e Bourdieu: do poder formal, impessoal e simbólico
ao poder explícito. In Revista da Faculdade de
Educação. São Paulo, 1998.
ü PIMENTA, S. G. Questões sobre a
organização do trabalho na escola. Idéias, São Paulo, v.16, p. 78-83, 1993.
ü O CONTEXTO ESCOLAR E SEUS ATORES: AS RELAÇÕES DE
PODER NUMA PERSPECTIVA SÓCIO-INTERACIONISTA BRAGANÇA, Grazielle – Mestranda
PROPED UERJ. grazibraganca@yahoo.com.br,
MATTOS, Carmen Lúcia G. de. – Professora Doutora PROPED UERJ, carmenlgdemattos@globo.com, RAMALHO, Fernanda – Mestranda PROPED UERJ, fernanda.cr@terra.com.br.
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